14 de junho de 2010

Escavações revelam mais sobre os Indios do Brasil

A Sociedade Indigena Brasileira era muito mais complexa do que sempre se  imaginou. Pesquisa coordenada pelo professor Paulo Antônio Dantas de Blasis, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), indica que as sociedades sambaquienses, que habitaram o litoral brasileiro durante um período entre 2 mil e 7 mil anos, mantiveram hábitos e culturas mais elaboradas do que se imaginava


 Os cientistas estudaram desde 2005 no litoral de Santa Catarina as sociedades que construíram morros conhecidos como sambaquis ("montes de conchas", em tupi-guarani). Essas comunidades ocupavam uma faixa do litoral brasileiro que ia da região Sul até o Nordeste. Contudo, elas desapareceram há cerca de mil anos. As construções foram observadas já pelos primeiros colonos europeus que chegaram ao País. "Mas, até hoje, sabemos muito pouco sobre a finalidade dos sambaquis", disse Blasis à agência.

Segundo os pesquisadores, entre as principais funções desses morros estava a funerária. Os mortos era enterrados em covas rasas e a pesquisa do material encontrado pelo estudo indica que eram feitas grandes festas funerárias que reuniam várias comunidades sambaquianas. Restos de comida eram depositados sobre os corpos, que depois ficavam sob conchas.



Esse ritual funerário, além de outras descobertas, indica que essa sociedade era mais sofisticada do que pensava. "A maneira de tratar os mortos é bem característica de cada cultura", disse Blasis. Os sambaquianos não eram nômades, mas estabeleciam comunidades fixas, o que exigia um maior grau de organização. A pesquisa indica também que eles eram mais numerosos do que se imaginava, com milhares de comunidades espalhadas pela costa e que interagiam entre si, como indicam os rituais funerários. Essa característica de interação entre as comunidades levou os cientistas à hipótese de que os sambaquis também funcionavam como um marcador territorial.



Para estudar essa hipótese, o grupo fez escavações e utilizou equipamentos como radares de superfície e instrumentos de datação de objetos com o método de carbono 14 e da luminescência opticamente estimulada.


O Estado de Santa Catarina foi escolhido para o estudo por ter os maiores sambaquis remanescentes, já que a maioria dessas estruturas, que chegavam a 70 m de altura, foi destruída. A cal extraída dos sambaquis foi utilizada na construção civil entre os séculos XVII e XIV e, além disso, a degradação continuou pela ação humana até a década de 1970.

A pesquisa indica também que essa sociedade desapareceu de forma pacífica. "Nos ossos encontrados não há sinais de mortes violentas, o que sugere que os sambaquienses podem ter desaparecido de forma pacífica ao se miscigenar com outros grupos", afirmou Blasis.


Fontes:
Terra
Agencia FAPESP
Mais Info:
Anita Garibaldi - Laguna
Farol de Santa Marta - Sambaquis SC
Sambaqui

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